Morador de Muriaé na linha de frente na Guerra da Ucrânia

Morador de Muriaé na linha de frente na Guerra da Ucrânia

O morador de Muriaé, Rafael do Vale, de 27 anos, está desde fevereiro na linha de frente da guerra na Ucrânia. Ele faz parte do Grupo de Operações Especiais (GUR) do país europeu e vive em uma base secreta em Kiev, na capital ucraniana.

Rafael contou que decidiu se alistar principalmente pelo desejo de ajudar civis afetados pela guerra: “Sou o primeiro muriaense aqui. Em parte, me dá orgulho estar representando minha cidade e minha origem. Vi que os inocentes na Ucrânia estavam precisando de ajuda e percebi que eu poderia somar”.

Ele começou a carreira militar internacional em 2022, ao ingressar na Legião Estrangeira Francesa, conhecida por ser aberta a recrutamentos estrangeiros. Atuou por dois anos, mas retornou ao Brasil para se casar e ficar perto da família.

No entanto, a dificuldade de conseguir um emprego na cidade natal o fez repensar a decisão: “Decidi voltar por três motivos: o Brasil não valoriza os militares, Muriaé está muito difícil para conseguir um bom emprego e, por ideologia, percebi que os inocentes na Ucrânia precisavam de ajuda”.

O jovem decidiu se candidatar novamente à vida militar, fez provas on-line e embarcou rumo à Ucrânia. Chegou ao país em 17 de fevereiro de 2025 e, desde então, passou por uma série de testes teóricos e físicos para ingressar no Grupo de Operações Especiais (GUR).

“As provas são muito difíceis, mas não posso dar muitos detalhes por questões de segurança”.

Morador de Muriaé na linha de frente na Guerra da Ucrânia

Missões secretas e rotina em meio à guerra

Hoje, Rafael atua em diferentes regiões do território ucraniano. A base onde está, em Kiev, é mantida em sigilo por questões de segurança. Por fazer parte da inteligência militar, também não pode revelar detalhes das missões que realiza.

“A base é totalmente equipada. Temos carros, motos, blindados, água quente, aquecedor, alimentação, água potável. A Ucrânia não deixa faltar nada para os soldados”, contou.

Rafael disse que o início foi difícil, mas que aprendeu a lidar com a rotina da guerra. “Tenho quase 20 amigos aqui hoje, brasileiros e americanos, alguns chegaram a ficar gravemente feridos, mas não perderam a vida, graças a Deus”.

Ele disse que consegue manter contato frequente com a família e o máximo que ficou sem falar com os parentes foram dois dias. “Onde vamos temos uma placa solar portátil com uma bateria que usamos para carregar celulares”, explicou.

“Me acostumei com mísseis caindo, drones jogando granadas, ataques. Mas nunca vou me acostumar com as crianças morrendo, com os inocentes sofrendo. Isso não dá para normalizar.”

Para o militar, o apoio da população ucraniana faz toda a diferença. “Sempre que estamos nas ruas, fardados, as pessoas agradecem. Elas sabem que estamos ali para protegê-las”.

 

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