Influenciador religioso muriaeense é inocentado

Influenciador religioso muriaeense é inocentado

Acusado por três mulheres de crimes sexuais, o influenciador religioso Victor Bonato, 27 anos, natural de Muriaé, foi inocentado ontem pela Justiça de São Paulo. Ele havia sido preso temporariamente em setembro de 2023, e ficou quase 60 dias detido. Na época, o Ministério Público pediu que ele continuasse detido temporariamente, mas o juiz Fabio Calheiros do Nascimento determinou a sua soltura, alegando inconsistência na denúncia das vítimas.

Segundo a decisão que inocentou o influenciador, os detalhes da história contada pelas meninas, todas maiores de idade, “não se mostraram consistentes para sustentar a acusação, mesmo depois de concluída a investigação”. Além disso, o juiz citou dúvidas sobre o não consentimento dos atos sexuais em um dos episódios relatados por uma das mulheres e destacou que alguns dos dados narrados pelas vítimas “não aparentam ser abusivos”.

O Influenciador religioso se relacionou com as três vítimas, frequentadoras de seus cultos no grupo evangélico Movimento Galpão, com sede em Barueri, São Paulo. Ele levou-as separadamente à sua casa. Os encontros, ocorridos no ano passado, foram marcados pelo Instagram. Victor assume que manteve relações sexuais com as garotas, mas afirmou na Justiça que foi com consentimento. As vítimas alegaram que foram forçadas.

Na sentença, a absolvição de Victor Bonato se deu por falta de laudos periciais comprovando que as vítimas foram, de fato, estupradas, além de inconsistência nos depoimentos das garotas. “M.C. teria mantido relação sexual com o réu na casa da vítima, inicialmente consentida. Durante o ato sexual, ocorrido em oito de junho de 2023, o réu ficou agressivo e desferiu tapas contra o seu rosto, dizendo que fazia isso porque ela o recusara em data anterior. Na decisão que recebeu a denúncia, também foi mencionado um ato praticado no dia 10 de junho, contra M.C., também na casa do réu. Todavia, vejo que esse fato não foi descrito na denúncia e, portanto, não será objeto de análise. Houve erro material na análise, o que ora é corrigido”, escreveu o juiz Fábio Calheiros do Nascimento.

As “vitimas”: 

A vítima A.L. também teria sido violentada na casa de Victor, em 20 de agosto do ano passado. “Ele teria insistido por sexo oral, o que a vítima recusou”, diz trecho da sentença.

Já a vítima T. foi à casa do réu no dia 22 de julho. Os dois teriam iniciado “conjunção carnal consentida, mas o réu a segurou com força pelas mãos e passou a esganá-la, a despeito dos protestos da vítima para que parasse”, diz a sentença.

Para sustentar a absolvição do influenciador religioso, o juiz escreveu o seguinte: “Na verdade, o detalhe é que todas as acusações, ou seja, todos os fatos atribuídos ao réu contra cada uma das vítimas, têm no seu cerne a prática de atos violentos sem consentimento em meio à relação sexual inicialmente consentida. Sendo assim, apenas constatar a ocorrência de conjunção carnal, por exemplo, não significaria que restou comprovada a materialidade do crime, assim como não significa que não há prova dele porque não há laudo apontando-a”.

Na época em que a denúncia das meninas se tornou pública, Victor usou as redes sociais para se desculpar. “Eu errei como homem e estou aqui confessando e pedindo perdão como homem. Quero pedir perdão às meninas com quem eu falhei, que defraudei, que magoei, com quem não tive atitude de homem”. A gravação foi feita momentos antes de ele ser preso, em novembro do ano passado.

Aos amigos da igreja, Victor contou que seu erro foi ter se relacionado com as garotas simultaneamente, sem que uma soubesse da outra. Quando uma delas descobriu que não era exclusiva, resolveu fazer a denúncia na delegacia da mulher por estupro. As outras duas seguiram o mesmo caminho. Em depoimentos, elas relataram que sofreram abusos.

No tribunal, Victor foi defendido pela advogada Graciele Queiroz, que vem se especializando em defender, segundo ela, homens acusados injustamente de estupro. Polêmica nas redes sociais, a defensora foi contratada pela família do ex-jogador Daniel Alves, condenado a 4 anos e 6 meses por ter estuprado uma mulher dentro de uma boate em Barcelona. O escritório de Graciele soltou uma nota sobre a absolvição do influenciador Victor Bonato, o qual elas chamam de pastor: “O pastor e influenciador Victor Bonato foi absolvido das acusações de abuso sexual que lhe foram imputadas. A defesa conseguiu demonstrar de forma inequívoca a inocência de Victor Bonato, desconstituindo todas as alegações e apresentando provas que evidenciaram a inexistência dos fatos acusatórios”.

Quem é Victor Bonato: 

Natural de Muriaé, Victor Bonato é um dos fundadores o grupo evangélico Movimento Galpão, voltado para jovens ricos e de classe média alta da região de Alphaville, distrito de condomínios de alto padrão da cidade de Barueri.

Com mais de 145 mil seguidores no Instagram, ele se notabilizou pelas pregações religiosas online e pelos cultos do grupo transmitidos pelas redes sociais, sempre endereçadas aos jovens.

Em novembro do ano passado, o influenciador religioso Victor Bonato deu uma entrevista ao canal do youtube Beto Ribeiro (Crimes S/A), onde disse ser inocente.

Confira a entrevista no link: https://www.youtube.com/watch?v=CaLCSvJQJo0

Fonte: Ullisses Campbell/O Globo

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