Faleceu no início da noite desta segunda-feira (29) o cineasta Carlos Scalla, 69 anos. Ele estava internado no Hospital São Paulo, onde fazia hemodiálise, mas seu estado se agravou e ele acabou não resistindo e veio a falecer.
Carlos Scalla deixa um legado na história do cinema e da cultura de Muriaé e região.
O velório começará as 07 horas desta terça-feira (30), na Capela Senhor do Bomfim e o sepultamento as 13 horas no Cemitério Municipal.
Biografia:
Nascido em 24 de janeiro de 1954, no bairro Dornelas, em Muriaé, o cineasta Carlos Roberto Scalla Pereira, mais conhecido como Carlos Scalla, despertou e demonstrou, muito cedo, sua paixão pelo cinema.
Sua jornada estudantil iniciou-se na Escola Estadual Desembargador Canêdo. Em seguida passou por diversas outras, como a Escola Estadual Engenheiro Orlando Flores, o Ginásio Santo Antônio, o Colégio São Paulo e a Escola Estadual Professor Orlando de Lima Faria, onde concluiu o 2º Grau (hoje, Ensino Médio).
Carlos Scalla dedicou sua vida inteira à sétima arte, influenciado pelas produções norte-americanas de bang-bang. Com apenas quatorze anos de idade, comprou, dividido em seis pagamentos, um conjunto americano Keystone 16 mm, composto por uma filmadora e um projetor. Este foi o primeiro passo para possibilitar a materialização do sonho do jovem garoto, realizando, dessa forma, o seu primeiro curta-metragem, “Lei Sangrenta”, no ano de 1968, em preto e branco.
Já no ano de 1970, aquele garoto já mais experiente, com dezesseis anos, produziu mais dois filmes, no mesmo estilo dos anteriores, ou seja, em 16 mm e em preto e branco, os quais receberam o título de “O Assalto Frustrado” e “O Vingador Mascarado”. Estas produções foram realizadas através da Scalla Filmes.
Em 1974, Carlos Scalla associou-se ao amigo Sílvio Gomes, pianista do Loid brasileiro, fundando a Muriaé Filmes Ltda.
Este empreendimento, que visava acompanhar a evolução do tempo, proporcionou a Carlos Scalla uma vasta experiência em produções cinematográficas. Realizou, através do Jornal Cine-Fatos, centenas de documentários, os quais foram exibidos por cerca de dez anos no Cine Vila Rica em Muriaé e em cinemas de cidades vizinhas.
Carlos Scalla viajava semanalmente para o Rio de Janeiro, onde revelava seus filmes, criando um ciclo de amizade com grandes atores e diretores consagrados, tais como: Augusto Cézar Vannuci, Wilton Franco, Paulo Porto, Olney Cazarré, Antônio Fagundes, Sandra Bréa, José Augusto Branco, Ângela Leal, entre outros.
Em 1979, o cineasta conheceu um dos maiores nomes do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro, com quem conviveu na intimidade, tendo a oportunidade de conhecer detalhes da vida profissional e participando de diversas passagens importantes do amigo. O contato frequente entre eles só foi rompido com o falecimento de Humberto.
Em 1987, quando as produções cinematográficas nacionais entraram em decadência, consequentemente, contra vontade própria, Carlos Scalla foi aos poucos sendo obrigado a paralisar as atividades da Muriaé Filmes. Mas seu fascínio pela imagem, sua perseverança e o surgimento de novas mídias o ajudaram a produzir, ao longo destes difíceis anos, documentários, filmes institucionais, comercias e videoclipes que, até hoje, com a retomada das produções nacionais, desenvolve com o mesmo entusiasmo de um garoto suas produções em cinema pela Scalla Filmes.
Rose
29 de maio de 2023 at 8:06 PMUma grande perda para cultura da cidade em especial para o audiovisual.